Segundo a Bíblia, os descendentes de Noé resolveram criar uma torre capaz de atingir os céus. Enfurecido, Deus fez com que os envolvidos na construção passassem a falar línguas diferentes, impedindo assim o sucesso da empreitada. Milhares de anos após a tentativa dos herdeiros de Noé, o mundo ignora a diversidade linguística na construção de um novo projeto de alcançar os céus.
Um consórcio de 15 países estão participando da construção e das experiências científicas na Estação Espacial Internacional (International Space Station- ISS): Os Estados Unidos, Rússia, Canadá, Japão e a Agência Espacial Européia (Bélgica, Dinamarca, França, Alemanha, Itália, Holanda , Noruega, Espanha, Suécia,Suíça e o Reino Unido).
A Principal atividade desenvolvida na estação é a pesquisa científica, em grande parte atrelada à própria exploração espacial. Um objetivo é melhorar o conhecimento do efeito da exposição de longa exposição do corpo humano no espaço. Fatos como a atrofia muscular, perda óssea e bombeamento de fluidos são estudados com a intenção utilizar os dados obtidos durante viagens de longa duração num futuro próximo.
Além disso, pesquisadores esperam examinar a combustão na presença de baixa gravidade fora da Terra. Muitas buscas envolvendo a eficiência de queima ou a criação de produtos secundários poderiam melhorar o processo de produção de energia. Afinal, um dos grandes entraves à viagens ao espaço é a questão da eficiência energética.
A ISS é um grande laboratório de pesquisas e testes. Ou seja, ainda não é um modulo de suporte para futuras missões. Deste modo, se trata de um ensaio de colonização do espaço. Não é verdadeiramente a fixação de uma base de exploração permanente. Mal comparando, estamos próximos das viagens de Vasco da Gama na “órbita” da África, mas distantes das conquistas pós-Colombo.
Ocorre que assim como em Babel, a ambição espacial atual enfrenta suas divergências entre falantes de línguas diferentes. A China sempre enfrentou resistência dos EUA em participar da ISS. Ela, que inicialmente desenhou suas naves com mecanismos de acoplagem apropriados para a Estação Espacial Internacional e construiu seus centros de lançamento em latitudes próprias para facilitar esta acoplagem, anunciou a intenção de construir sua própria estação. Os EUA não puderam abrir mão do know-how da cambaleante Rússia da década de 90 e do dinheiro da Europa. Entretanto, foi mais fácil se reconciliar com concorrentes do passado do que dividir o futuro com a potência emergente do oriente.
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