terça-feira, 8 de junho de 2010

O Faroeste de Serra


Recentemente Serra teceu críticas à Bolívia e elogios a Colômbia na questão do combate às drogas. Isso não é fruto de um alinhamento ideológico aos EUA. Pelo menos, não exclusivamente. Atualmente certos dogmas norteiam o marketing político. O mais falado é o de que a eleição é decidida em razão do desejo popular de mudança ou continuidade. Assim, políticos de oposição em ambiente propício à continuidade buscam não atacar os governos, pregando uma forma nova de continuar. Serra tentou esse modelo, entretanto, as pesquisas indicaram que a estratégia não estava funcionando.
O tucano se agarra agora a outro dogma corrente. Dizem os "especialistas" que em eleição favorável à continuidade o eleitor só vota em um candidato de oposição se for para resolver uma nova prioridade. Ou seja, se um governo é bem avaliado por ter resolvido um problema como educação, o eleitor pode optar por um adversário, desde que a nova emergência seja outra questão, como a saúde por exemplo.
Qualquer pesquisa nacional indicará que uma das áreas que gera maior insatisfação é a segurança. Associada à questão das drogas, o problema aflige o país em grandes e pequenas cidades. Assim, Serra opta por representar o papel do xerife perante o eleitor. Logo vai dizer: "É possível vencer a batalha. Uribe o fez! Vejam Bogotá, vejam Medelim" É uma tática melhor do que dizer que é mais sucessor de Lula que Dilma.
O problema do PSDB nesta e em outras questões não é a mensagem, mas o mensageiro. Foi assim em 2006 com a questão do mensalão. Pela forma como foi aprovada a reeleição, o partido de Serra não podia cobrar o PT pelos vícios na relação com o Congresso (sem falar no mensalão mineiro). O partido que governou por tanto tempo o Estado do PCC não tem autoridade também na questão da segurança. Aliás, quem foi ministro do governo tão mal avaliado de FHC sempre terá dificuldade de prometer fazer o que não foi realizado.
Há duas formas de tentar convencer uma nação. A primeira é ouvir marqueteiros e políticos experientes, aplicando suas fórmulas. A outra é ouvir a sociedade e construir com ela um projeto para o futuro. A essa altura só resta a Serra confiar na primeira opção.

Um comentário:

  1. Pesquisa recente do Ibope revelou que 63% dos brasileiros consideram que a saúde deve ser a principal prioridade do próximo governo (a segurança pulou do 3° para o 2° lugar em relação à pesuisa anterior realizada em 2006). Diante disso, usar o fato de ter sido ministro da saúde poderia ser uma estratégia de Serra, mas a necessidade de "descloar" sua candidatura do governo FHC torna essa alternativa inviável. A situação de Serra realmente não está fácil...

    Felipe Mello

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