A tecnologia afeta a mídia em sua forma e em seu conteúdo. A internet teve impacto recente na imprensa, porém produziu efeitos notórios em linhas editoriais nos mais diversos veículos. Este fenômeno pode necessitar de maior estudo, mas sua verificação empírica é feita com facilidade.
A Tv e o rádio oferecem a seus clientes blocos de informação já editorializados. É obvio que o espectador pode mudar de programa ou desligar o veículo, mas em geral sua atuação na escolha é limitada. Não há interação.
A mídia impressa também oferece conteúdo em bloco, muito embora o leitor seja em geral mais crítico. Isto implica dizer que ao comprar um periódico muitas vezes é levada em contra a linha editorial. É comum haver prévia escolha entre um linha editorial mais conservadora ou liberal.
A internet radicalizou o papel de editor daquele que busca a notícia. O internauta escolhe em um portal os links de seu interesse. Ou acessa somente páginas de seu interesse. Se determinado blogueiro, site ou coluna tem uma linha editorial que não lhe agrada, o internauta deixa de segui-lo. Em certa medida houve inversão no papel de editor entre informador e informado. Ou seja, há por parte de cada um a imposição de tema e abordagem.
A mídia impressa, em um esforço de adaptação, aprofundou a editorialização do conteúdo. è fácil perceber como a Revista Veja é escrita para um público diferente do leitor da Carta Capital. O objetivo é assegurar o nicho de mercado. O resultado é uma radicalização de discursos e métodos que transcende a polarização política da sociedade.
É evidente que a radicalização afeta a qualidade da informação. mesmo em um ambiente tão abastado de consteúdo como a internet, é difícil filtrar informação imparcial, especialmente em temas sensíveis como política e economia.
Ao acompanhar diversos blogs e colunas, é possível ver que os de maior repercussão estão comprometidos demais. A disputa de espaço virou briga pessoal em muitos casos. Não são raras disputas judiciais. Parece que não há espaço para imparcialidade e isenção. Até mesmo por que boa parte dos internautas parece não gostar de neutralidade. Seria preciso escolher um lado do muro. Difícil perceber que a democratização da informação venha servindo neste caso mais aos que se propõem a erguer muros do que a derrubá-los.
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