Estive pensando em escrever um Post sobre como a imprensa tem registrado os eventos no país, especialmente em ano de eleição. Os jornais de décadas e séculos passados sempre apoiaram o estudo da história. Mas parte da imprensa brasileira opta pelo papel de agente da política ao de testemunha dos fatos. Enquanto ensaiava o que escrever me deparei com o texto abaixo que li há poucos dias.
GABRIELA GUERREIRO da Folha Online, em BrasíliaEm cerimônia para anunciar novas medidas do governo para o programa “territórios da cidadania”, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva fez duros ataques à mídia brasileira. Lula disse que a imprensa age de “má-fé” ao deixar de divulgar ações do governo federal que considera essenciais para o país.“Eu levanto de manhã, vejo manchetes e fico triste. Acabei de inaugurar 2.000 casas, não sai uma nota. Caiu um barraco, tem manchete. É uma predileção pela desgraça. É triste quando a pessoa tem dois olhos bons e não quer enxergar. Quando a pessoa tem direito de escrever a coisa certa e escreve a coisa errada. É triste, melancólico, para um governo republicano como o nosso”, afirmou.
“O estudante que daqui a 30 anos for ler determinados tabloides vai estar estudando mentiras, quando poderia estar estudando a verdade. Quando o cidadão quer ser de má-fé, não tem jeito.”Ao relembrar o episódio de 2003 quando, no primeiro ano de governo, colocou um boné do MST (Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra), Lula disse que não se rendeu aos ataques da mídia.“A partir daquele instante, eu passei a colocar qualquer chapéu na cabeça. Nunca mais me colocaram. Eles vêm pra cima, se você se acovarda, eles ganham. Você não tem por que temer. Não temos vergonha do que fizemos nesse país. Nós todos vamos ser medidos pelo que nós fizemos, a gente precisa ficar prestando contas todos os dias.”Segundo o presidente, alguns “setores da imprensa” deveriam olhar para as pesquisas de opinião pública antes de tirar suas conclusões sobre as ações públicas. “Se não quisessem saber pelos seus olhos, saberiam pelas pesquisas de opinião pública. Ainda assim não querem saber. Vamos trabalhando. A única coisa para vencer isso é trabalhar. Não temos tempo para resmungar.”
Lula tem uma habilidade política imensa. Talvez tenha sido mais criticado que seus antecessores e goza de maior popularidade. Em alguma medida a mídia tem sido um contra-peso necessário a tamanha confiança que os brasileiros depositaram no presidente. Mas a qualidade da crítica é baixa. Em alguns momentos certos veículos quiserem medir força com o presidente e perderam. Perderam porque abriram mão de manter distanciamento crítico. De apurar com cautela denúncias antes de divulgá-las. De ouvir sem distorcer o que diz a parte criticada. Adotaram uma forma virulenta que atenta contra o próprio conteúdo publicado. Enfim, minaram sua credibilidade e com isso muitas vezes colocararm o presidente no papel de vítima. Na posição de perseguido pelos fantamas de nossa história de golpes e conspirações de direita. Um erro que não colabora com o país, nem com a própria imprensa.
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