Deus é produto da lógica humana. Existe tanto quanto outras abstrações do homem como a moral e o Estado. É uma ficção. Um forma de perceber o mundo e obter respostas. Deus é peculiar para cada religião e para cada pessoa. Afora divagações sobre o exato sentido da figura de Deus, persiste o questionamento se existe algo de natureza superior que intervenha no mundo ou seja responsável por sua origem?
Minha resposta é simples, confusa e talvez inexata. Deus é cria do homem. Produto da percepção temporal que temos da vida. O antes e o depois são abstrações do homem. A percepção linear que temos da sucessão de fatos é forte a ponto de ser inquestinável. A existência se divide em passado, presente e futuro. Aos nossos olhos, sempre foi assim.
Em busca da compreensão de si e do mundo, o homem procura suas causas, seus porquês. Procura o antes do antes. Não se conforma com Big Bang inexplicavelmente sem causa. Tudo tem um antes. E quem disse que tem que ter um antes? "Sempre teve". "Por que não teria?" A dúvida é humana. A vida e o mundo não têm explicação, senão a dada pelo homem. A existência simplesmente é.
"Mas sempre tem que haver um antes". Por que? Porque precisamos de um depois. Sobretudo para além de nossas vidas. Sobretudo para além da vida daqueles que não queríamos que se fossem.
Não raro, o encontro do indivíduo com a religiosidade é uma epfania emergida na crise. No desespero há uma ruptura. Ou o sujeito se parte, ou encontra um conforto. A mente submersa em angústia quer se reequilibrar. A mente humana é pródiga na adaptação, na sobrevivência. O cérebro busca o divino.
E os que encontram Deus são abraçados por sua fidelidade. Ele surge para sanar, para explicar. Se ainda não proveu, proverá. Já o mérito de cada conquista passa ser dele. Se a pessoa é arrebatada por um mal inexplicável, haverá uma razão oculta à altura apenas da sabedoria divina. No fim, eu e os crentes concordamos em algo. Deus é fiel!
Dizem que a frase "cogito, ergo, sum", imortalizada por Descartes, tem origem na dúvida. Descartes punha em dúvida todo o conhecimento que julgava ter até aquele momento, e concluiu que apenas poderia ter certeza que duvidava. "Se duvidava, necessariamente então também pensava, e se pensava necessariamente existia (sinteticamente: se duvido, penso; se penso, logo existo".
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