A partir dos anos FHC, sob o "consenso" neoliberal, a economia ganhou papel ainda mais destacado na política. O debate entre a oposição e o governo passou a ser fundamentalmente de calibragem das medidas econômicas. Dos botecos ao Congresso Nacional, discute-se dólar, juros, valor do salário, gastos do governo, etc... A política virou meio. A governabilidade se tornou ferramenta de implementação das políticas públicas. O resultado na economia justifica, em tese, alianças ortodoxas. A ideia de que a economia condiciona a política colocará sempre à oposição uma única aposta, a de que as coisas não funcionem.
A bússola econômica na matemática política atingiu negativamente o PSDB no papel de adversário do governo. Num primeiro momento apostou-se que as divergências do PT e o mercado seriam insanáveis. Com a continuidade dos eixos de política econômica por Lula, os tucanos se viram compelidos a alternar entre críticas às doses e elogios às fórmulas dos remédios aplicados.
Com o crescimento econômico e da popularidade de Lula, sobretudo no segundo mandato, a oposição resolveu esperar. Uma hora uma crise viria e então chegaria o momento de pregar a alternância.
Confusos e intimidados com a popularidade do presidente, em 2008, mesmos os candidatos de partidos de oposição evitaram trombar com o lulismo, chegando a querer pegar carona em sua popularidade. A "marolinha" desfez os planos de propor mudança. O site do atual presidente do PSDB, Sérgio Guerra, em que ele aparece vinculado às obras do PAC é um exemplo da dificuldade do discurso na oposição.
Recentemente Serra declarou, sem ironia, que Lula está acima do bem e do mal, merecendo a popularidade que tem. Em seus cálculos, não é vantajoso criticar o popular governante. A lógica é de que se a economia vai bem o presidente torna-se bem avaliado e, portanto, não deve ser confrontado.
Qual alternativa restaria à oposição? Brigar com os números? Profetizar crises? Não. A responsável pelo não fechamento das contas da oposição é a própria lógica matemática. As cabeças tecnocratas se afastaram da atividade política mais genuína. Prioriza-se a eleição de maior número de prefeitos ou deputados em detrimento da construção de um projeto de nação. Os candidatos preferem repetir o pensamento majoritário indicado em pesquisas do que entender o país e propor caminhos. Quanto antes se perceber que a política é atividade humana, mais cedo emergirão líderes autênticos. Assim, será possível legitimar-se ante a população, inclusive, quando os números da economia não sejam favoráveis.
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