quarta-feira, 28 de julho de 2010

Geraldo Vandré 2

Muitos mitos surgiram em torno da figura de Geraldo Vandré. Em 1968, após o AI-5 e as prisões de Caetano e Gil, o músico paraibano deixou o país com receio de também ser preso. Com a forte censura, não foi difícil surgir especulações de que o mesmo estaria morto ou sendo torturado na prisão. Ao retornar ao Brasil em 1973, declarou ao Jornal Nacional : "Quero agora só fazer canções de amor e paz". 
A declaração ao JN e o ostracismo que mergulhou Vandré na década de 70 alimentaram estórias de que ele teria sofrido "lavagem  cerebral", torturas severas, ficado louco ou mesmo que teria feito um acordo com os militares para retornar ao país. Quando em 1985 ele gravou Fabiana, música em homenagem à FAB - Força Aérea Brasileira, pareceu uma traição incompreensível aos valores defendidos pelo cantor em 1968. Só poderia ser explicado por algum tipo de loucura causada por sequelas de torturas sofridas. 
Em 1995 Vandré respondeu a um pedido de entrevista com um bilhete escrito a mão dizendo: “Trata-se de uma sociedade para a qual a BELEZA cumpre função secundária e dispensável. Aqueles que se ocupam da beleza têm, portanto, função secundária e dispensável". Mas ele termina a mensagem dizendo que "sem beleza não existe O HOMEM FELIZ”. E assina: Vandré, com um PS datado de 14 de junho de 1995: “Cada vez mais distante”. (http://www.digestivocultural.com/colunistas/coluna.asp?codigo=1721).
Em entrevista concedida em 2000 (http://cliquemusic.uol.com.br/materias/ver/geraldo-vandre-rompe-silencio) Vandré deu algumas respostas que revelaram certa excentricidade:

Entrevistador - O sr. ficou marcado como um compositor de protesto. Alguma dessas canções novas têm essa característica?
Geraldo Vandré – Nunca fui um compositor de protesto. Sou um músico de formação erudita. Ouço Villa-Lobos, Wagner...
Entrevistador – Mas muitas das suas canções são sim de protesto, Caminhando, Canção da Despedida, e estão longe de ter um perfil erudito.
Geraldo Vandré – Não quero falar do passado. Ouça essa minha canção, que eu acabei de compor, ainda não tem título (começa a cantarolar um tango em portunhol): "Hoje cantor de mi tango/ Um tango do meu viver/ La Pampa, larga e serena/ Nela, vou renascer/ E há o outro lado, Argentina/ Que parte de mi querer".
Entrevistador – O sr. pode mostrar alguma canção inédita em português?
Geraldo Vandré – Eu fiz essa música para a FAB (retira da bolsa um cartão com a letra de Fabiana, com um brasão da Força Aérea desenhado no verso).
ENtrevistador – Não é estranho alguém que protestou contra a ditadura militar hoje compor músicas em homenagem à Força Aérea?
Geraldo Vandré – Vocês não entendem, nunca entenderam (irritado, bate com força a colher com coalhada no prato). A minha relação com os militares não foi política e nunca vai ser. Caminhando era um aviso: "Olha gente, desse jeito não dá mais".

À essa altura Geraldo Vandré parecia uma pessoa amargurada, ressentida muito mais com a falta de compreensão e reconhecimento artístico do que com os militares. Determinado a cumprir um auto-isolamento um tanto depressivo, mas profundamente reflexivo e intelectualizado. A imagem que transmitia era de alguém cuja inteligência comprometeu a lucidez.
Em 2004, Vandré concedeu uma entrevista a Ricardo Anísio - jornalista, poeta e produtor musical paraibano. Nesta entrevista o artista parece estar mais à vontade e revela uma lucidez incrível. É possível discordar da visão do músico, mas é inegável que suas idéias são coerentes. Reproduzo a íntegra da entrevista (http://www.ritmomelodia.mus.br/entrevistas/entrev%202004/02%20geraldovandre/geraldovandre.htm):

1-) Ricardo Anísio - Andaram falando em um retorno seu a carreira artística. Isso é verdade? Certa vez disse ao nosso jornal que a entidade Vandré estava morta. Ela ressuscitaria?
Geraldo Vandré- Não, eu não volto atrás com o que disse. Mas eu também lhe deixei claro que estava compondo peças para piano e que buscava contato com uma pianista européia para registrá-las. Cheguei a perguntar se você não queria cuidar da produção do disco. Mas a minha atividade profissional de cantor ela encerrou. Cumpri a função que estava determinada para mim aqui na Terra.
2-) RA - Isso é uma coisa mística? Você não se dizia ateu?
GV- Não sou místico e nem necessariamente ateu. Sou agnóstico e realista. Mas sei que há uma regência cósmica de nossas vidas, algo que nos impõe alguns limites e que norteia isso a que chamamos de destino. Mas sei que nós temos muita responsabilidade sobre o rumo que toma nossa vida. É comodismo demais entregar tudo ao Deus dará.
3-)RA- Lê algum livro de auto-ajuda ou de temas místicos como os de Paulo Coelho, por exemplo?
GV - Se é de auto-ajuda é uma coisa que vem de nós e nós é que temos de criar as fórmulas para nos ajudarmos certo?! Com relação a este senhor, o Paulo Coelho, acho que tenho mais com que me ocupar do que ficar entrando nas suas viagens loucas. Ainda prefiro reler Brecht, Joyce ou Graciliano Ramos e José Lins do Rego. Mas na verdade tenho lido muito pouco, porque ainda tenho armazenadas muitas coisas que li há duas décadas e que ainda não processei da forma como devia. Acho que a literatura se perdeu nos últimos anos, e não me interessa muito.
4-) RA - Ao escrever a canção "Fabiana", para a Força Aérea Brasileira, você chocou seus admiradores e disse que isso não lhe importava mais. Ainda pensa assim?
GV- Eu disse que havia escrito a canção porque sempre fui um apaixonado por aviões. Agora, a minha relação com as Forças Armadas hoje, é de muito respeito mútuo. Eles me tratam com dedicação e sabem das minhas questões existenciais.
5-) RA - Como nasceu essa relação de respeito entre o autor de um hino anti-militarista e os militares?
GV - Quando voltei do exílio, no final de década de setenta, meus companheiros me receberam com decepção, porque eu estava vivinho da silva, e eles me queriam mártir e morto. Seria para eles mais uma bandeira. E eu voltei doente e meio perdido em meu país, quando justamente os militares me acolheram e me deram tratamento médico, e me alojaram. Essa é uma relação de seres humanos e não de instituições. Outra coisa, tem que se acabar com essa idéia de que dentro dos quartéis todo mundo será sempre de direita. As coisas mudaram, e a tendência dos jovens oficiais hoje é mais de esquerda, ou de centro, na pior hipótese. Não foram as Forças Armadas as responsáveis pelos anos de ditadura, mas sim os homens que estavam à frente delas naquele momento.
6-)RA - E realmente você nunca foi torturado?
GV - Nunca! Nem sequer fui exilado, porque escapei do país antes que me prendessem e me exilassem. Saí do Brasil sem que me encostassem um dedo sequer, embora soubesse que era considerado de alta periculosidade pelo SNI (Serviço Nacional de Informação). Mas os tempos mudaram, e mudaram também os militares. Hoje quem é de esquerda no Brasil? Os compositores? Você quer brincar comigo? Vivem sorrindo para as câmeras de TV e vendendo discos e mais discos. Esses são os comunistas e socialistas? E o público deles, onde fica? Como aceitam que as gravadoras multinacionais se valham dele da pior maneira possível? Essa esquerda é uma coisa estereotipada, ficou demodê e não funciona mais. Qual a diferença dela para o que chamam de direita. Não são os lados que importam (risos).
7-) RA - Qual sua visão sobre o Governo Lula?
GV - O povo no poder! Então o povo deve estar feliz e satisfeito. Mas não é bem assim, não é essa a realidade. O Lula faz o governo menos popular que já vi, e era dele que esperava-se um mandato voltado para o povo. Veja só que loucura, não acha? O problema do Brasil é na sua conjuntura, seus vícios homéricos e a falta de cultura de sua gente. Os políticos não têm interesse em educar, para não dar consciência política, percebe?! Não está diferente com o Lula, até porque eles venderam a alma para chegar ao poder, e suas boas intenções ficaram no discurso.
8-) RA - Ainda continua um clandestino em sua terra?
GV - É para gargalhar, mas é um fato. Eu sou a prova da ilegalidade. Quiseram me anistiar e eu disse não! Anistia é perdão e eu não tinha do que ser perdoado, veja que coisa louca. Então voltei a morar no Brasil, mas sem a anistia, eu sou um clandestino em meu próprio país”
“Não vou pedir perdão”
O autor de “Caminhando” acha contraditório aceitar a anistia se não admite que cometeu crime algum
9-) RA - E não pretende pedir perdão?
GV - De que? De ter escrito uma canção? De não concordar com aquele regime político? Ora, eu acho que quem assinou o pedido de anistia decretou que havia cometido um delito, e eles nunca observaram isso. Depois eu sou quem não tem lucidez? Mesmo que eu achasse que tinha sido um delito, feito isso por ideologia, jamais me desculparia.
10-) RA - Por isso não podem comercializar seus discos?
GV - Sim. Porque se eu estou na ilegalidade, minha obra também é ilegal no país. A engrenagem é toda cheia de absurdos, de contradições. Mas não compactuo com isso, e a aí me consideram o louco, por não aderir a essa onda toda de teorias furadas e nenhuma prática com fundamentação jurídica.
11-) RA - E seus CDs, eles foram recolhidos?
GV - Ganhei na justiça. Como sou advogado com especialização justamente em Marcas e Patentes, que passa pelos direitos autorais, provei que minhas obras eram ilegais. Nunca assinei contrato para CD também, porque não tínhamos bola-de-cristal para antever sua invenção. Tenho todos os direitos sobre minha obra, hoje. Meus discos sé saem se eu os produzir.
12-) RA - Como avalia a MPB atualmente?
GV - Quase não a conheço, ouço mais música erudita, isso me interessa. Mas acho que o Zé Ramalho, o Vital Farias, o Sivuca e aquela moça que você levou para cantarmos juntos (N.R - Essa moça é Cátia de França) lá na Praia do Poço e o Chico Buarque fazem canções de muita qualidade, eu é que estou muito hermético em minha crença sobre essa sigla M.P.B. Na sua grande maioria, as coisas estão muito aquém do que ser poderia esperar que chegassem a ser.
13-) RA - Elba Ramalho o chamou de louco e disse que não usou seu nome quando gravou "Canção da Despedida" porque você queria excluí-la do disco. O que tem a dizer sobre isso?
GV - Nada. A loucura é uma coisa relativa de quem a analisa. Se ela se acha normal, eu sou realmente um louco. Não compactuo com os intelectualismos e com os psicoligismos que regem-na, mas não vou perder tempo em falar sobre minha lucidez. Pela forma como me excluo de tantas convenções dos tempos atuais, certamente sou diferente, e quando alguém pensa diferente o melhor é chamá-lo de louco, para que ninguém lhe dê importância. Mas depois disso ela gravou "Disparada" com o Zé Ramalho e o Geraldo Azevedo. Ela devia esquecer o louco.
14-) RA - Mas o Geraldo Azevedo também tem uma estória. Você disse que ele nunca foi seu parceiro em "Canção da Despedida". Confirma isso?
GV - Claro que confirmo. Eu nunca tive parceiro nessa canção, a escrevi sozinho e ela está gravada no disco que fiz na França ("Das Terras de Bemvirá) mas quando foi lançado no Brasil veio sem essa faixa, não sei porquê, se foi por censura ou algo que o valha. A verdade é que depois que a marca Vandré virou um mito monstruoso apareceram parcerias que eu nunca fiz.
15-) RA - E as homenagens? Que foi que achou do CD do Quinteto Violado interpretando apenas composições de sua lavra?
GV - Não gosto dos arranjos. Mas na verdade o Marcelo (Melo, vocalista e violonista do QV) é um ótimo músico e o grupo merece respeito. Acontece que eu não aprovaria porque entrei em uma fase de muito rigor musical. Não tenho interesse de que minha obra seja revisitada, mas se o fazem, que a façam com mais requinte do que nas versões originais. Quando você grava uma música de alguém e o faz de forma piorada, não é mais homenagem, dá pra entender?!
16-) RA - Sua versão para "Asa Branca", de Luiz Gonzaga, você acha que superou a do autor?
GV - Não, mas não era essa a intenção. Quando eu resolvi incluir a composição do Gonzaga e do Humberto Teixeira era daquele jeito que eu fiz mesmo, como um aboio de guerra, um brado do homem nordestino. Aquele disco ("Hora de Lutar") era todo assim, com coisas da capoeira, dos povos excluídos e das raças segregadas. "Asa Branca" eu cantei como quem aboia mesmo, e a minha idéia era fazer isso a capela, somente a voz angustiada anunciando a rebelião. Essa foi uma reverência mesmo.
17-) RA - Então você não descarta a possibilidade de gravar um disco instrumental e nem de aparecer em um show do amigo Zé Ramalho?
GV - Eu sou um mutante (gargalhada). Uma vez desafiei você a me produzir, lembra? Mas você não topou, talvez tenha ficado assustado...Certamente que eu não descarto aceitar um convite do Zé Ramalho, mas se voltar a gravar um disco somente meu, vou querer registrar minhas composições para piano.
18-) RA - Mas não usará o nome Geraldo Vandré, não é? Afinal você disse uma vez em entrevista que "Vandré estava morto", assassinado pelas suas próprias mãos....
GV - Se eu criei esse Frankeisn tein, eu posso ressuscitá-lo. O que disse àquela época foi que não permitiria o uso do minha entidade artística por parte desse mercado de horrores em que se transformou o mundo da música.
19-) RA - Nunca mais veio a Paraíba. Alguma mágoa?
GV - Fiquei triste, digamos assim, quando minha tia vendeu a nossa casa, a casa onde eu nasci e me criei (na Av. Almirante Barroso, Parque Solon de Lucena) e onde eu pretendia fundar a Capitania de Van-Mar, uma espécie de fundação onde trataríamos de coisas da cultura e da ecologia. Mas admito que sou melhor tratado em outros Estados. Tenho saudade dos amigos e por isso devo estar aí em breve. Talvez grave meu disco de piano aí....

Geraldo Vandré tem hoje 74 anos e mora em São Paulo. Jamais se apresentou no Brasil após seu retorno em 73. A razão desta que parece ter sido uma promessa a si mesmo nunca foi claramente explicada.

Top 100 - Geraldo Vandré

Geraldo Vandré é um nome quase de associação imediata aos versos de sua canção mais famosa  - Pra Não Dizer que Não Falei de Flores.  É provavelmente a maior canção de protesto da história da música brasileira.
É óbvio que a obra de Geraldo Pedroso de Araújo Dias Vandregísilo, homem por trás do mito Vandré, é muito maior que seus famosos versos de protesto. Do que chegou a ser muito popular pode-se destacar as músicas Aroeira e Disparada. O disco escolhido no meu Top 100 já teria espaço pela importância do artista e de sua obra-prima. Contudo, destaco que o disco tem outras músicas muito boas como Porta Estandarte, além de ser um belo exemplar do estilo único de cantar de Vandré.

segunda-feira, 26 de julho de 2010

Presidência é Destino


Presidência é destino. A frase tão repetida por Aécio ajudou a criar em parte da imprensa a sensação de que um dia ele chegaria lá. Entretanto, creio que em 2010 o cavalo passou selado e o mineiro o deixou escapar.

O PSDB conseguiu um cenário muito bom para um partido de oposição que almeja a presidência. Governa 3 dos 5 maiores colégios eleitorais, incluindo a dobradinha café-com-leite, responsável por cerca de um quarto do eleitorado nacional. Além disto, ainda que desgastado, o DEM é um parceiro de boa penetração no Nordeste, região onde os tucanos não tem boa penetração. Vale dizer também que Dilma pode até ser uma grande candidata, mas chegou ao posto sem agregar quase nenhuma densidade eleitoral ao projeto governista. É obvio que não favorece aos tucanos a popularidade de Lula, porém é preciso reconhecer que ela foi construída também sobre os erros da oposição.

Ocorre que Aécio foi atropelado pela história. Maquiavel poderia dizer que o mineiro contou com a fortuna, tendo se esquecido de exercer sua virtude. Quem busca uma meta como a presidência não põe seu destino no colo de determinados cardeais, nem acata outra indicação tão mansamente. Em suma, quem está fadado ao topo não morre sem pelejar.

Aécio tinha que fazer por onde. É o ano do centenário de Tancredo e de sua despedida do governo mineiro. É o pleito sem Lula e ele tinha efetivamente capacidade de agregar maior apoio à oposição. Alkimin dobrou Serra em 2006 porque estava disposto a arrebentar a corda e não só a esticá-la. Se o mineiro confiasse que seu gesto traria a vitória de seu partido teria sido nobre. Não foi o caso.

Ainda em 2009, antes do fim do prazo para mudança de partido Aécio teria que ter dado sua última cartada se quisesse ser um dia presidente. Ser aclamado candidato pelo PSDB, vociferando contra o predomínio de São Paulo na política do país. Bradando contra o dedaço na indicação de Dilma. Criticando os erros de FHC e Lula e exaltando os êxitos de nossa fase constitucional. Do contrário, deveria ter rompido. Tinha obrigação de perceber que seu futuro no PSDB seria estar sempre a reboque do núcleo paulista.

Em 2006 a candidatura de Alkimin prevaleceu sobre a de Serra, mas também sobre o então governador Aécio. Se Alkimin for eleito, o que faz crer que abrirá espaço para o senador Aécio? O que leva a crer que o PMDB permitirá a Aécio uma candidatura que não permitiu a Itamar e a Garotinho? Estando confortável sob o consórcio governista, o PMDB só oferecerá a alguém uma candidatura tão sólida quanto a de Ulisses em 89.

Creio que o neto de Tancredo já começa o declínio de sua carreira política. Se isto for verdade, pagará pela falta de ousadia ou de visão política.

Datafolha Bahia - Julho.

Estimulada:

Wagner 44%
Paulo Souto 23%
Geddel 13%

Espontânea:
Wagner 25%
Paulo Souto 7%
Geddel 5%

Rejeição:
Wagner 16%
Paulo Souto 29%
Geddel 18%

quinta-feira, 22 de julho de 2010

Marcas das Nossas "Revoluções"

Cartaz dos revolucinários de 32 convocando os paulista à luta armada.

 Divisão dos estados em que cada candidato foi vencedor no segundo turno de 2006. 

As peculiaridades das próximas eleições mexem com algumas feridas da história do país. Muito se fala dos reflexos do último período de governo militar, tendo em vista que os dois principais candidatos estiveram em oposição ao golpe de 64. Porém, chama atenção também a divisão política regional do país.
A nítida divisão eleitoral de 2006 está se reproduzindo em 2010. Pesquisas de opinião apontam Serra com vantagem na metade Sul e Dilma melhor na metade Norte do país. A origem nordestina de Lula não explica tal divisão. É prematuro atribuir o fenômeno exclusivamente a abrangência geográfica dos programas sociais. A compreensão do momento político passa pela análise de questões do século passado.
Lula tem forte identificação com a controvertida figura de Getúlio Vargas, presidente empossado pela Revolução de 1930. Desde a base sindical ao apelo nacionalista apoiado na estatal do petróleo, o atual líder da nação guarda semelhanças com aquele. Não é sem razão que sobre o ex-metalúrgico também paira a aura de pai dos pobres.
Dilma teve sua carreira política radicada no Rio Grande do Sul, terra de Getúlio. A ex-ministra é de Minas Gerais, estado que apoiou a Revolução de 30. Dilma foi militante de um grupo guerrilheiro que se opôs ao golpe de 64, o que naturalmente força o país a uma reflexão sobre a participação dos militares na política nacional.
Já Serra é mais um político paulista do PSDB indicado à disputa presidencial. O partido governou o país entre 1995 e 2002 (com o paulista FHC) e foi a principal legenda de oposição ao governo Lula. Em 2010 o tucanato deixou clara a hegemonia da ala paulista em seu comando, assim como o fizera ao preterir Aécio em 2006 e Tasso Jereissati em 2002. Por isso e por estar governando São Paulo há 16 anos, reforçou a imagem de que busca a hegemonia de São Paulo na política do país. Imagem esta que remete à Revolução de 1932.
O dia 9 de julho, data do início da Revolução de 32, é a data cívica mais importante para os paulistas. É como o 2 de julho para os baianos 20 de setembro para gaúchos. Mas ao contrário de outras datas cívicas celebradas, a Revolução de 32 não é considerada pelo restante do país como uma luta de progressistas contra conservadores. É vista como uma luta reacionária e egoísta de São Paulo contra o Brasil.
O fato é que em julho de 1932 o país vivia sob um “Governo Provisório” nomeado por militares desde novembro de 1930. Getúlio Vargas chegou ao poder por um golpe eclodido após São Paulo tentar levar à presidência mais um paulista, rompendo com o pacto café-com-leite.
É difícil aplicar a lógica maniqueísta ao papel dos paulistas no início da década de 30. Até então, São Paulo e Minas Gerais, os dois estados mais ricos e populosos, revezavam-se no poder do país. Se não era justo com as demais federações, tinha sua lógica. Sob o efeito da crise de 29, os paulistas quebram o pacto. Indicado pelo presidente Washington Luís, o presidente/governador de São Paulo, Júlio Prestes, foi eleito em 1° de março de 1930. A rigor, em 32 o estado do presidente eleito lutou contra um regime de exceção.
Mas o raciocínio democrático eleitoral é relativo para o caso. É preciso imaginar o que representava a eleição no Brasil à época. As mulheres e os analfabetos não podiam votar, o que reduzia o número de eleitores a menos de 10% da população. Além disso, o voto era aberto e não havia Justiça Eleitoral. Ou seja, na prática a eleição era uma decisão oligárquica, geralmente tomada em conjunto com quem já ocupava o poder. Em um contexto tão precário, bastou a ruptura das oligarquias dominantes para que a eleição fosse contestada e taxada de ilegítima pelos apoiadores de Getúlio Vargas.
A Revolução de 30*, à semelhança do golpe de 1964, foi um golpe militar apoiado por lideranças civis. Vargas (que foi sargento) sagrou-se vitorioso fundamentalmente pelo apoio que tinha dentre os militares. Os reflexos da crise de 29 e a divisão das principais lideranças civis do país (mesmo no âmbito interno de Minas e São Paulo havia fissuras) abriram espaço para que líderes militares apoiassem alguém mais identificado com seus objetivos. Isto ficou claro na anistia concedida por Vargas aos militares envolvidos em revoltas na década de 20. Vargas também implementou propostas defendidas pelo tenentes, além de nomear vários deles como interventores nos estados.
A Revolução de 32 foi uma das poucas revoltas na nossa história em que houve engajamento popular. Entretanto, porque ela é tão mal vista pelos brasileiros não-paulistas? Porque a causa paulista não era o interesse do Brasil e porque o bom governo de Getúlio o absolveu, pelo menos até o Golpe de 37.
A Revolução de 32 foi movida por interesses que ensejaram a ruptura com a política café-com-leite. Interesses que de certa maneira permearam e permeiam a vontade da elite paulista. Desde o início do século passado, São Paulo é economicamente muito mais forte que o restante do país. Ainda hoje é grande a desproporção entre o que o estado arrecada para a federação e o que esta lhe devolve. Em 32 havia o interesse de não delegar a políticos outros o poder que as elites paulistas entendiam lhe pertencer. Se não obtivessem o poder de controlar o país, almejavam controlar o estado como nação autônoma.
A marca deste pensamento da política paulista ainda não deixou de existir. O governador paulista Adhemar de Barros, combatente por São Paulo em 32, foi um dos apoiadores civis do golpe de 1964. Aos seus olhos deve ter parecido fora de lugar o poder nas mãos do gaúcho João Goulart. De alguma forma o mesmo pensamento norteou as escolhas do PSDB nos últimos anos. Ao PSDB paulista é preferível perder a eleição presidencial a deixar o controle do partido nas mãos de outrem.
O Sul e Sudeste são para o restante do Brasil o que os EUA são para a América Latina. São forças econômicas demandando poder político. O 9 de julho continua sendo comemorado apenas em um pedaço do país porque simboliza a ruptura de interesses que permanecem divergentes. Esta é base da divergência da década de 30 e é a raiz da atual divisão.

*A Revolução 30 foi o berço do golpe de 1964. Quase todos os comandantes militares do golpe militar de 1964 eram ex-tenentes de 1930, tais como Ernesto Geisel, Castelo Branco, Médici, Juraci Magalhães e Juarez Távora.

domingo, 18 de julho de 2010

Queda da Miséria

Aqui, o gráfico sobre a linha da miséria, levantado pela FGV-RJ em cima de indicadores do IBGE:


Segundo o Ipea, à margem das desigualdades regionais, a miséria pode ser erradicada no país em 2016. Para minha geração, crescida em meio a planos Cruzados e Collor, que ouviu atenta Betinho pregar contra a fome, a estimativa do Ipea parece surreal. Mas alguns países conseguiram acabar coma miséria, alcançando o status de desenvolvidos. Quero crer que também podemos.

quinta-feira, 15 de julho de 2010

Top 100 - Planet Hemp


O Planet Hemp ficou marcado pelos problemas com a justiça em razão de suas letras relacionadas à maconha. Se a polêmica serviu pra projetar a banda, fez com que ela ficasse estigmatizada. Para muitos o discurso da banda pareceu adolescente, marketing barato ou simplesmente demasiado repetitivo. Esta é uma redução injusta do grupo que foi liderado por Marcelo D2.  
O rock dos anos 80 adentrou os anos 90 muito ligado ao pop romântico. Bandas como Paralamas do Sucesso, Kid Abelha, Capital Inicial, símbolos do "rock brasileiro", são exemplos de como o gênero ganhou espaço ao tempo em que perdeu a agressividade e contestação típicas do rock.  Já o Planet Hemp transbordava rebeldia e transgressão. Não só pelas letras ligadas às drogas e a crítica política, mas também pelos arranjos de suas músicas, sempre fortes, acelerados e vibrantes.   
É inegável o sucesso dos 5 discos da banda, dos quais quatro viraram discos de ouro. Por isso mesmo eu escolho o último álbum, a coletânea Ao Vivo MTV- Planet Hemp. O disco é um apanhado que resume bem a banda e, por ser gravado ao vivo, deixa clara a identificação com o rock a que me refiro. Sem dúvida, é um excelente disco para os que tem ouvidos abertos para um som mais pesado!

quarta-feira, 7 de julho de 2010

Os Donos da Bahia do Séc. XX - Jorge Amado


Jorge Amado é  um dos responsáveis por colocar a Bahia no mapa do mundo. Quando se fala do baiano, imagina-se um povo alegre, sensual, religioso e tolerante. Estas características foram reveladas por Jorge Amado, ou a imagem da Bahia é uma projeção de sua obra e de outros mestres como Caymmi, Verger e Carybé? Sendo causa ou consequência da obra do famoso escritor, o certo é que o jeito peculiar do baiano se parece muito com boa parte de seus personagens. Isto revela a transcendência do autor que, interpretando sua gente, tornou-se parte de sua cultura.
Um dos grandes méritos deste Obá de Xangô foi a louvação à liberdade que sua obra representa. A praia, as fazendas, os bares, quase todos cenários de seus romances são usualmente identificados esta temática. Muito antes da revolução cultural da década de 60, o romancista já falava do prazer da mulher com o sexo. A vadiagem, a boemia, a liberdade religiosa e sexual, mais que retratadas, foram exaltadas em sua obra. 
Poder-se-ia dizer que Jorge Amado é mais que baiano e brasileiro, sendo um artista mundial. Sua obra foi editada em 52 países, e vertida para 49 idiomas e dialetos, que vão desde o guarani ao vietnamita. Bairrista que sou, prefiro deixá-lo como ilustre conterrâneo. 
Curioso saber que embora Jorge Amado tenha sido registrado no povoado de Ferradas, pertencente a Itabuna, existem dúvidas sobre o exato local de seu nascimento. Alguns biógrafos indicam que isto se deu na Fazenda Auricídia, à época município de Ilhéus. Mais tarde a área da fazenda passou a pertencer ao município de Itajuípe. Tenho para mim que ele pode ser filho do município de Camacan, tendo em vista de que dois de seus três primeiros livros (Cacau e Suor) fazem referência à cidade! Tudo bem que ele falou muito mais de outras cidades. Se me perguntarem, direi que nasceu em Camacan. Afinal, não faz assim tanto tempo que todo camacanense nascia em Itabuna. 

terça-feira, 6 de julho de 2010

A sorte está lançada...

Hoje começou oficialmente a campanha eleitoral. O balanço da pré-campanha é extremamente satisfatório para o governo. Lula lançou Dilma com quase dois anos de antecedência ao anunciá-la como mãe do PAC. Muitos disseram que seria prematuro, que ela se tornaria alvo de críticas muito cedo. O certo é que  agora qualquer pesquisa aponta Dilma com mais de 35%.
Por outro lado, Lula enquadrou o PT, acabando com a intransigência do partido em não abrir mão de candidatura própria na maioria dos estados e arrastou para si o apoio do PMDB, considerado o fiel da balança do tempo de propaganda eleitoral gratuita na TV.  Dilma larga com ares de favorita, estando, inclusive, pontuando na liderança segundo algumas pesquisas.
Se quase tudo são flores no palanque PTista, uma variável não está exatamente onde eles esperavam - a intenção de votos em Serra permanece alta nas pesquisas eleitorais. O gráfico abaixo traz uma médias das intenções de voto nas principais pesquisas eleitorais entre novembro e dezembro do ano passado e junho deste ano:

   
Verifica-se claramente a ascensão constante de Dilma conforme o desejo governista. Entretanto, Serra ter perdido apenas 3% ante o crescimento de 17% da ex-ministra é um feito respeitável.
É possível questionar esta ou aquela pesquisa, mas é também possível extrair conclusões óbvias do apanhado de dados. É fato; Dilma cresceu mais do que desejava a oposição e Serra caiu menos que gostaria o governo.
Em parte o atual equilíbrio de forças é explicado pela própria polarização da campanha. Se existe aproximadamente 60% de eleitores que não estão escolhendo Dilma, Serra é praticamente a única opção restante, uma vez que os outros candidatos são pouco conhecidos. Da mesma forma, tendo o tucano cerca de 25% de rejeição, a governista é o maior pólo de atração deste eleitorado.
Olhando para trás, as pesquisa apontam para Serra uma perspectiva melhor do que em julho de 2002. Àquela altura ele tinha cerca de 20% contra aproximadamente 38% de Lula. Em 2006, com uma eleição também bastante polarizada, Alkimin tinha apenas uns 30% contra 45% de Lula. Logo, estar tecnicamente empatado e próximo dos 40% não é um cenário tão ruim para o PSDBista.
No balanço final da pré-campanha os números das pesquisas não são o grande problema de Serra. O desafio dele são as circunstâncias desfavoráveis, tais como menor tempo de televisão, menos palanques estaduais, aprovação recorde do governo e a economia indo bem. Em resumo, se o placar está praticamente igual, o time de Dilma ainda continua favorito. E o jogo está apenas no começo... 

domingo, 4 de julho de 2010

Pesquisas/Junho - Ibope e Datafolha

Datafolha - espontânea:

Serra 39%; Dilma 38%; Marina 10%

Ibope - espontânea;
Serra 39%; Dilma 39%, Marina 10%

As pesquisas referem-se a amostragens colhidas nos últimos dias do mês de junho, tendo sido divulgadas em 02 e 04 de julho.

quinta-feira, 1 de julho de 2010

Bastidores do vice Índio

Articulação de Lula minou chapa idealizada por Serra. (http://josiasdesouza.folha.blog.uol.com.br/)

Em articulação subterrânea, Lula imprimiu suas digitais na crise que levou à desmontagem da chapa puro-sangue do PSDB.
O presidente telefonou na terça-feira (29) para o senador Osmar Dias (PDT-PR). Fez um apelo para que ele retomasse o projeto de disputar o governo do Paraná.
Osmar é irmão de Álvaro Dias (PSDB-PR), o senador que o presidenciável tucano José Serra escolhera para seu vice.
Antes do telefonema de Lula, Osmar rumava para a disputa ao Senado. Concorreria à reeleição na chapa de Beto Richa, candidato tucano ao governo paranaense.
Lula cuidou de recordar a Osmar que, há mais de um ano, empenha-se para fazer dele seu candidato no Paraná, com o apoio do PT e do PMDB. A ligação de Lula deixou Osmar balançado. Acionado pelo Planalto, o ministro Carlos Lupi (Trabalho), mandachuva do PDT foi ao senador.
Ao final da conversa com Lupi, Osmar já era, de novo, candidato a governador, não mais a senador. A notícia ganhou a velocidade de um raio.
Foi alardeada, via micro-blog, pelo ministro Alexandre Padilha, coordenador político de Lula. Ganhou as manchetes no Paraná. E se espalhou pela web.
Logo chegaria à casa do senador ‘demo’ Heráclito Fortes (PI), onde o presidente do DEM, Rodrigo Maia (RJ), reunia-se com congressistas da legenda.
Interlocutor habitual de Osmar Dias, Rodrigo alertara ao senador que o DEM não engoliria a seco a acomodação de Álvaro Dias na vice de Serra.
O próprio Álvaro relatara ao irmão, na noite de terça, que a barricada erguida pelo DEM fizera sua indicação subir no telhado.
Osmar, que a meses protagonizava um vaivém entre Serra e Dilma, sentiu-se como que liberado para se render aos apelos de Lula.
Com seu gesto, ofereceu ao DEM o derradeiro argumento para encostar Serra contra a parede.
Virara pó a principal alegação de Serra –a de que a opção por Álvaro atrairia Osmar e dinamitaria o palanque paranaense de Dilma.
Lula foi dormir, na noite de terça, celebrando dois feitos: ressuscitara a candidatura governamental de Osmar e ajudara a envenenar as relações de Serra com o DEM.
Noctívago contumaz, Serra ganhou uma razão adicional para manter-se acordado na madrugada de quarta (30).
Surpreendido pelo recuo de Osmar, o candidato tucano convenceu-se, a contragosto, de que a meia-volta tornara-se inevitável.
Já decidido a lançar Álvaro Dias ao mar, Serra ensaiou um recuo parcial. Cogitou substituí-lo por uma opção tucana: o deputado Gustavo Fruet (PSDB-PR).
Parecia dar de ombros para um relato que ouvira de Fernando Henrique Cardoso, que passara a tarde recolhendo, a portas fechadas, as queixas da cúpula 'demo'.
Estava em jogo a aliança com o DEM e, sobretudo, os três minutos de propaganda televisiva que a legenda agrega à campanha tucana.
Convocado, Rodrigo Maia, o presidente do DEM, voou de Brasília para São Paulo ainda de madrugada.
Convidado, o grão-tucano Aécio Neves, que mantém com Rodrigo relações para lá de amistosas, tomou o avião em Belo Horizonte.
Antes da chegada da dupla, Serra ouviu de Jorge Bornhausen, presidente de honra do DEM, um nome que não lhe passara pela cabeça: Índio da Costa (DEM-RJ).
Rodrigo e Aécio reuniram-se com Serra e com o prefeito 'demo' de São Paulo, Gilberto Kassab, principal elo do candidato tucano com o DEM.
Rodrigo trazia de Brasília três nomes: o do deputado José Carlos Aleluia, que anunciara horas antes a decisão de concorrer ao Senado pelo DEM da Bahia...
...o do deputado Carlos Melles (DEM-MG), suplente de senador na chapa de Aécio; e o de Valéria Pires Franco, estrela do DEM do Pará.
Serra já estava, porém, fixado em Índio da Costa, o nome que Bornhausen lhe sugerira. Encantara-se com o fato de o deputado ter relatado o projeto da Ficha Limpa.
Aécio achou bom. Rodrigo não tinha razões para se opor. Índio ingressara na política pelas mãos de seu pai, o ex-prefeito carioca Cesar Maia.
No final da tarde de quarta, ao sair de um encontro com formandos de medicina bancados pelo Prouni, Lula foi instado a comentar a escolha do novo vice de Serra.
Ao ouvir dos repórteres o nome de Índio da Costa, que o DEM acabara de aclamar em convenção, o presidente indagou, com ar de pouco caso: “De onde ele é?”
Informado de que o deputado fora eleito pelo Rio, Lula saiu sem dizer palavra sobre o vice que ajudou a acomodar na chapa de Serra, o rival de sua pupila.

O que foi isso, Serra?

"Mais uma vez – e estamos pensando, sim, no nó górdio de 1930 – os políticos de São Paulo, a fim de conservarem a hegemonia sobre o país, perdem o bom-senso e, ao perdê-lo, desprezam a nação". (Mauro Santayana, no Jornal do Brasil ao referir-se às escolhas dos candidatos a vice-presidente.)

É inacreditável a trapalhada feita por Serra. A escolha do vice de Serra será lembrada como um episódio marcante desta eleição. A novela da chapa PSDBista arrastou-se até o último dia do prazo legal e teve um fim lastimável para os tucanos. Quem sonhou com um vice da envergadura de Aécio contenta-se hoje com Índio da Costa do DEM (à direita). Difícil entender como as coisas foram para nisso.
Há um Serra para os que gostam e outro para os que o detestam. O primeiro é um homem firme, calculista, racional. Uma pessoa que comete poucos erros, obsessiva pelo trabalho e pela ambição de ser presidente. O segundo é arrogante, autoritário, truculento. É um alguém desagregador, centralizador, além de intelectualmente raso e vacilante. Qual foi o Serra que escolheu o Índio para vice?
Serra perde neste episódio mais que um companheiro de chapa de maior peso. Perde a imagem de homem preparado. Sai com cara de bobo, fraco...desmoralizado.