segunda-feira, 29 de março de 2010

Novo Nordeste

Do IG -No começo de abril, 60 operários darão início a uma obra num terreno de 220 hectares em Tauá, município de 17 mil habitantes localizado no sertão cearense. O trabalho promete ser duro. Distante 340 quilômetros do mar, Tauá ganhou fama por ser o lugar com a maior incidência de sol entre os 184 municípios do estado. Por causa dessa peculiaridade, em pouco tempo a cidade será conhecida também por abrigar a maior fazenda de energia solar da América do Sul, a segunda maior do mundo. A produção começa até o final do ano, mas a princípio será modesta: apenas 1 megawatt, suficiente para abastecer duas mil pessoas. Até 2013, esse número deverá chegar a 50 MW, gerando energia capaz de iluminar uma cidade de 100 mil habitantes.
Essa é a nova face do desenvolvimento nordestino. Indicadores macroeconômicos mostram nos últimos anos que a região tornou-se um dos mais dinâmicos pólos de investimentos e de consumo do País, movido principalmente pelo aumento da renda. Segundo o IBGE, o rendimento médio do nordestino aumentou 77% entre 2003 e 2008, enquanto o aumento médio da renda no Brasil foi de 60% no período. As pesquisas e seus números, no entanto, não captam que as transformações locais vão muito além do clichê divulgado no Sudeste que fala do aumento nas vendas de potes de margarina e de iogurte e da ridícula caricatura da troca do jegue pela moto como veículo de transporte. - Leia mais em:

Existiram obras do Gasene - Gasoduto de Integração Sudeste-Nordeste - na cidade de Camacan, terra de minha infância e ainda referência para mim. Durante os cerca de oito meses das obras, a economia do município ganhou fôlego extra. Foram centenas de operários trabalhando na implantação do trecho do gasoduto. De pousadas a padarias, todo o comércio foi beneficiado. A obra acabou e deixou pouco além dos canos enterrados. Ainda assim, há muito não existia semelhante alento, ainda que temporário, para o município.

Transformações mais profundas ocorrem na vida da pequena cidade baiana. Aumentou na última década o poder de compra de assalariados e aposentados. Ingressou no comércio local também a renda do Bolsa-Família. Aliados ao aumento do crédito, esses fatores trazem mudanças ainda pouco compreendidas. A estrutura social construída no binômio latinfundiário rico e trabalhador pobre ruiu, não só pela crise do cacau. Há uma mudança de forças no país. Mundança pautada no fortalecimento da renda da classe mais baixa, agora em posição melhor na constante disputa de espaço com os mais abastados. Não faço pregação ideológica, apenas observo e registro.

Fim dos tempos

A Organização Europeia para a Investigação Nuclear - CERN, do francês "Conseil Européen pour la Recherche Nucléaire", começa amanhã uma série de testes com um mega acelarador de partículas.
Simplificando, podemos dizer que a partir do choque de prótons altamente energizados (acelerados com alta energia), serão criados alguns minúsculos buracos-negros. Tem gente temendo até o fim do mundo com a teórica criação de “strangelets” que “devorariam” nosso planeta. Houve até ação ajuizada nos EUA tentando impedir a expriência.
Não que eu seja paranóico, mas preferia que parassem com a idéia de tentar fazer mini big bang em laboratório...

domingo, 28 de março de 2010

Salvador - Pedra Furada

Salvador como toda cidade turística tem pontos de visitação clássicos. Farol da Barra, Elevador Lacerda, Igreja do Bonfim, Pelourinho são sempre lembrados. Belas cidades também tem recantos que muitos vezes só são conhecidos por ou através de seus nativos. A foto acima foi tirada na Pedra Furada na cidade baixa, pouco atrás da Igreja do Bonfim. Fica aqui como um registro e sugestão para quem não conhece. É um lugar simples com bares que praticam preços justos. A vista é impagável. (Foto: Sheila Lima)

Datafolha - Março

A análise de pesquisas eleitorais tem se tornado ainda mais subjetiva ante a perda de credibilidade de boa parte dos institutos. Lembro que recentemente o diretor do Ibope afirmou que Dilma não teria chances, numa entrevista que transpareceu sua predileção por Serra. Já o grupo Folha vem adotando uma linha editorial no mínimo rigorosa na avaliação do governo Lula. Assim, os analistas apontam as incoerências para desqualificar números que não concordam, mas preservam de críticas os números favoráveis à sua interpretação do momento eleitoral. Feita a ressalva, sigo na trilha do caminho defeituoso que acabo de apontar.
A última pesquisa Datafolha expõe suas inconsistências. Aponta crescimento de Serra e queda de Dilma entre fevereiro e março. Uma inversão da tendência dos últimos meses difícil de compreender. Não há fato político de impacto a que se possa atribuir tal fenômeno. Mais intrigante ainda são os dados referentes ao Rio Grande do Sul. Lá Serra teria aumentado em 14% sua dianteira sobre Dilma apenas em um mês. Também lá não há causa aparente para tanto. Por outro lado, a mesma pesquisa aponta crescimento da avaliação positiva do governo, além do crescimento de Dilma e estagnação de Serra na pesquisa espontânea (quando o eleitor diz em quem vai votar sem ver uma lista prévia).
Apesar das críticas aos números da pesquisa, destaco mais uma vez os números da espontânea: Lula 8%, Dilma 12%, "candidato do Lula" 3%, "candidato do PT" 1%, Serra 8%, Ciro 1%, Marina 1%. Somando-se as quatro primeiras indicações, temos 24% pró governo contra 8% de Serra.
Vislumbro no horizonte uma nova "onda Lula" com consequências desastrosas para a oposição formada por PSDB, DEM e PPS. Trato disto mais tarde.

sábado, 27 de março de 2010

Datafolha - números e fatos

Nova pequisa Datafolha: Serra 36%, Dilma 27%, Ciro 11%, Marina 8%.
A última pesquisa do instituto foi divulgada a conta-gotas pela Band. A justificativa é que os dados coletados estavam sendo totalizados. Esta nova pesquisa foi realizada entre 25 e 26 de março, e às 3:30 do dia 27 (sábado) já estava divulgada em alguns sites e blogs. Coincidência ou não, na anterior Dilma havia crescido bastante. Nesta Serra que apresenta crescimento.

sexta-feira, 26 de março de 2010

Lula, Wagner e Geddel


Lula na terra do cacau

O presidente esteve hoje nos municípios de Itabuna e Ilhéus. Inaugurou o Gasene - Gasoduto da Integração Sudeste-Nordeste, anunciou que a duplicação da BR 415 estará assegurada pelo PAC 2, e lançou edital da Ferrovia Oeste-Leste. Ouviu queixas de policiais baianos e apelos de cacauicultores. Tudo dentro do esperado para esse tipo de evento.
Além da militância das comitivas políticas presentes, Lula sempre atrai um público de seus simpatizantes. No evento, o senador César Borges e o ministro Geddel foram vaiados. Vaias reprimidas taxativamente pelo presidente e pelo governador Wagner. No entanto, a defesa feita por Lula foi típica e reveladora.
O presidente recorreu a uma metáfora futebolística. Disse que antes e depois do jogo adversários não precisam ser hostilizados. O presidente emendou a defesa dos vaiados com elogios a Wagner. Deixou claro que todos ali eram seus aliados, mas que o governador, ex-sindicalista como ele, fazia um governo transformador como o seu. Não é o tipo de defesa que espera Geddel.
O PMDB exige de Lula tratamento idêntico ao que será dado ao PT na campanha. Tenho cá pra mim que a popularidade de Lula pesará muito para a reeleição do governador da Bahia. Mesmo que o ministro não queira. Mesmo que o presidente se cale na campanha. Na Bahia, Lula é a cara de Wagner.

Quem quer ser um bilionário?

Recentemente a revista americana Forbes apontou Eike Batista como o 8° homem mais rico do mundo. O 1° seria o mexicano Carlos Slim. O que eles têm em comum? Ficaram bilionários depois das privatizações nos países latino-americanos. Não que eu tenha inveja do rapaz, ou que tenha alguma razão de natureza ideológica para ser contra as privatizações, mas me lebrei de outro caso da minha terra.


Um pequeno agricultor procurou o fazendeiro vizinho:

-Punhempo, cumpadre! ("punhempo" era pra ser "por exemplo") Tou velho...Não aguento a lida na roça... Os menino tão criado, mas num querem nada com cacau. O cumpadre, punhempo, é rico, tem gado, tem muito cacau, muito homem pra trabalhar... Quer minha roça, não?
- Como assim, e seus filhos? Responde o grande pecuarista e cacauicultor.
-Aí você dá pra eles, mas punhempo, só quando eu morrer.
-E você? Vai viver de que?
-Você deixa eu morando aqui. Aí vai me dando umas coisas. Punhempo, uma veiz da um feijão, otra veiz uma carne. A colheita do cacau fica pra tu.

O fazendeiro rico dizia que o vizinho foi o sujeito mais inteligente que conheceu. Que a partir daquele dia deu ao velho um tratamento que ele nunca tivera. Era uma fortuna em remédio, em comida da melhor e mais saudável. Sempre mandava um médico visitar o homem. Achava até que o cidadão viveu mais uns dez anos por conta disso.
Ria muito ao dizer que a produção da pequena fazenda não deve nem ter pago o quanto ele gastou pra o velho não morrer.


Leio sobre os que defendem a privatização da Vale. Que a ela se modernizou e que o governo hoje ganha mais em impostos do que a empresa lhe dava de lucro. Aí vejo o Eike bilionário e penso: se a fazenda desse tão pouco assim, o vizinho rico teria passado a encrenca para os filhos do velho.

Liberdade de Imprensa

Estive pensando em escrever um Post sobre como a imprensa tem registrado os eventos no país, especialmente em ano de eleição. Os jornais de décadas e séculos passados sempre apoiaram o estudo da história. Mas parte da imprensa brasileira opta pelo papel de agente da política ao de testemunha dos fatos. Enquanto ensaiava o que escrever me deparei com o texto abaixo que li há poucos dias.

GABRIELA GUERREIRO da Folha Online, em BrasíliaEm cerimônia para anunciar novas medidas do governo para o programa “territórios da cidadania”, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva fez duros ataques à mídia brasileira. Lula disse que a imprensa age de “má-fé” ao deixar de divulgar ações do governo federal que considera essenciais para o país.“Eu levanto de manhã, vejo manchetes e fico triste. Acabei de inaugurar 2.000 casas, não sai uma nota. Caiu um barraco, tem manchete. É uma predileção pela desgraça. É triste quando a pessoa tem dois olhos bons e não quer enxergar. Quando a pessoa tem direito de escrever a coisa certa e escreve a coisa errada. É triste, melancólico, para um governo republicano como o nosso”, afirmou.
“O estudante que daqui a 30 anos for ler determinados tabloides vai estar estudando mentiras, quando poderia estar estudando a verdade. Quando o cidadão quer ser de má-fé, não tem jeito.”Ao relembrar o episódio de 2003 quando, no primeiro ano de governo, colocou um boné do MST (Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra), Lula disse que não se rendeu aos ataques da mídia.“A partir daquele instante, eu passei a colocar qualquer chapéu na cabeça. Nunca mais me colocaram. Eles vêm pra cima, se você se acovarda, eles ganham. Você não tem por que temer. Não temos vergonha do que fizemos nesse país. Nós todos vamos ser medidos pelo que nós fizemos, a gente precisa ficar prestando contas todos os dias.”Segundo o presidente, alguns “setores da imprensa” deveriam olhar para as pesquisas de opinião pública antes de tirar suas conclusões sobre as ações públicas. “Se não quisessem saber pelos seus olhos, saberiam pelas pesquisas de opinião pública. Ainda assim não querem saber. Vamos trabalhando. A única coisa para vencer isso é trabalhar. Não temos tempo para resmungar.”

Lula tem uma habilidade política imensa. Talvez tenha sido mais criticado que seus antecessores e goza de maior popularidade. Em alguma medida a mídia tem sido um contra-peso necessário a tamanha confiança que os brasileiros depositaram no presidente. Mas a qualidade da crítica é baixa. Em alguns momentos certos veículos quiserem medir força com o presidente e perderam. Perderam porque abriram mão de manter distanciamento crítico. De apurar com cautela denúncias antes de divulgá-las. De ouvir sem distorcer o que diz a parte criticada. Adotaram uma forma virulenta que atenta contra o próprio conteúdo publicado. Enfim, minaram sua credibilidade e com isso muitas vezes colocararm o presidente no papel de vítima. Na posição de perseguido pelos fantamas de nossa história de golpes e conspirações de direita. Um erro que não colabora com o país, nem com a própria imprensa.

quinta-feira, 25 de março de 2010

Vida de Cão!


Deus é Fiel!


Deus é produto da lógica humana. Existe tanto quanto outras abstrações do homem como a moral e o Estado. É uma ficção. Um forma de perceber o mundo e obter respostas. Deus é peculiar para cada religião e para cada pessoa. Afora divagações sobre o exato sentido da figura de Deus, persiste o questionamento se existe algo de natureza superior que intervenha no mundo ou seja responsável por sua origem?
Minha resposta é simples, confusa e talvez inexata. Deus é cria do homem. Produto da percepção temporal que temos da vida. O antes e o depois são abstrações do homem. A percepção linear que temos da sucessão de fatos é forte a ponto de ser inquestinável. A existência se divide em passado, presente e futuro. Aos nossos olhos, sempre foi assim.
Em busca da compreensão de si e do mundo, o homem procura suas causas, seus porquês. Procura o antes do antes. Não se conforma com Big Bang inexplicavelmente sem causa. Tudo tem um antes. E quem disse que tem que ter um antes? "Sempre teve". "Por que não teria?" A dúvida é humana. A vida e o mundo não têm explicação, senão a dada pelo homem. A existência simplesmente é.
"Mas sempre tem que haver um antes". Por que? Porque precisamos de um depois. Sobretudo para além de nossas vidas. Sobretudo para além da vida daqueles que não queríamos que se fossem.
Não raro, o encontro do indivíduo com a religiosidade é uma epfania emergida na crise. No desespero há uma ruptura. Ou o sujeito se parte, ou encontra um conforto. A mente submersa em angústia quer se reequilibrar. A mente humana é pródiga na adaptação, na sobrevivência. O cérebro busca o divino.
E os que encontram Deus são abraçados por sua fidelidade. Ele surge para sanar, para explicar. Se ainda não proveu, proverá. Já o mérito de cada conquista passa ser dele. Se a pessoa é arrebatada por um mal inexplicável, haverá uma razão oculta à altura apenas da sabedoria divina. No fim, eu e os crentes concordamos em algo. Deus é fiel!




quarta-feira, 24 de março de 2010

Dilma Favorita?


Do Jornal O Globo:
Márcia Cavallari, do Ibope, João Francisco Meira, do Vox Populi, Mauro Paulino, do Datafolha e Ricardo Guedes, do Sensus, estiveram reunidos em São Paulo na tarde de ontem para debater o cenário eleitoral, em evento da Associação Brasileira de Empresas de Pesquisas.
Meira deu o palpite mais ousado da tarde: “não é impossível imaginar que a Dilma ganhe a eleição já no primeiro turno”, afirmou. Já Márcia Cavallari, do Ibope, e Mauro Paulino, do Datafolha, adotaram um pouco mais de cautela em suas exposições, embora tenham admitido cenário favorável à Dilma. Os dois usaram a mesma expressão para definir o caso: "pesquisa é diagnóstico, não prognóstico".

Ser favorito em política é muito importante. Mais do que estar na frente em pesquisas. Para muitos, o que vale é estar do lado que vai vencer. Não falo do eleitor que não quer "perder o voto". Falo de partidos e políticos. De grandes empresas financiadoras de campanha e da mídia ávida por contratos públicos. A consolidação do favoritismo de Dilma é muito nocivo para Serra. Por que tanta gente disputa a vaga de vice de Dilma e tantos fogem do mesmo papel na chapa de Serra? Entrar numa campanha desacreditada por aliados é algo melancólico para o político. Parece que quanto mais você vai ficando sem fôlego mais vão lhe roubando o ar...

Top 100 - Caetano

Caetano Veloso tem um talento incontestável. Incontestável também é o fato de ele ser uma figura controversa. Possui uma carreira com mais de 40 anos, inúmeros discos e várias fases. Lembro que aos 12 anos (no comecinho dos anos 90) tinha um porta fita cassete, o avô dos estojos de cd. Nele tinha umas duas fitas de Raul e umas 10 de Caetano. Se bem que antes da internet Caetano era um dos mais acessíveis. Aos 14 eu já estava enjoado dos clássicos famosos e só gostava do lado B. Literalmente, pois o vinil era uma das fontes. Meu preferido era Estrangeiro, até ouvir o Transa. Psicodelia e regionalismo. Muito, muito bom. Tá "nas cabeça" de meu top 100. Recomendo!

terça-feira, 23 de março de 2010

Obama - Reforma da Saúde


Com a popularidade em queda, Obama aprovou a reforma da saúde, uma de suas principais promessas. Inacreditavelmente, a reforma era reprovada por 53% dos americanos. Aos olhos do mundo, entretanto, ele voltou ao posto de apóstolo da sensatez.
No discurso da vitória de Obama, me marcou a ênfase dada a reafirmação da liderança dos EUA no mundo. Porém, ele tratou também de mencionar a responsabilidade que isso agregava. Ao ver na tv o discurso, eu estava cético, mas otimista por não estar ouvindo John McCain.
A política externa do novo presidente corroeu rapidamente minha esperança em uma mudança profunda promovida pelos americanos. A postura vacilante no episódio do golpe de Honduras foi quase mortal para minha fé no primeiro negro à frente da casa branca. O aumento de tropas no Afeganistão me pareceu incoerente com o Nobel da paz.
Enfim percebo bons sinais. Li que o governo afegão tentou um acordo com o talibã (duvido que à revelia dos EUA). Apesar da retórica firme, o risco de um ataque ao Irã ainda não é eminente. O Brasil se coloca como um possível interlocutor nesta questão. Há também um desavença pública com Israel, coisa que há tempos não vejo. Além, claro, de ter coragem de aprovar uma reforma impopular em meio à crise de popularidade. Coisa de estadista.
Exercer a presidência é equilibrar-se entre forças diversas. Com Lula é assim, com Obama também e certamente com Ahmadinejad. Cada um tem que conter seus radicias progressistas ou conservadores. Lula entendeu que ajuda o americano e o iraniano nesta tarefa ao permanecer isento o suficiente para servir de ponte. Por isso, tavez seja hoje "o cara" dos outros dois líderes.

segunda-feira, 22 de março de 2010

ONU 2

Charge publicada na época da guerra promovida por Bush Jr. no Iraque. A ONU e o papa João VI apelaram pela não invasão do país de Saddam.

ONU e Democracia

O Brasil pleiteia a reforma da ONU. Qual seria o critério de montagem da nova estrutura da entidade? E se a ONU fosse uma democracia representativa? Se tivesse 100 cadeiras ocupadas na proporção da população mundial? A China teria direito a 20 cadeiras. Os EUA no máximo a 5. A União Européia 7. O Mercosul 4, ou a Unasul (União de Nações Sul-Americanas) 6. Dá pra pensar uma ordem mundial assim?
Um bloco formado por China, Índia (17 cadeiras) e Indonésia (4) teria 41 cadeiras. Somando forças com a Unasul 47. Aí bastaria o apoio de Bangladesh e Paquistão para ter mais de 51 votos.
A América Latina teria mais peso que a Europa. Cada uma destas mais que os EUA.
Quando o critério é população, a Nigéria é mais que a Rússia, Etiópia que a Alemanha, Irã que a França e o Haiti que Israel.
Que tal o seguinte Conselho de Segurança?: Seriam 20 votos, China com 7, Índia 6, UE 2, Unasul 2, EUA 2, Indonésia 1. Será que os EUA querem mesmo promover a democaracia no mundo?

Sabedoria Política 2


"mesmo se não considerasse a ministra capaz, apoiaria (Dilma) por gratidão ao presidente Lula." - Geddel Vieira Lima, Valor Econômico, 01/03/2010. A declarção do pré-candidato ao governo da Bahia me lembrou um caso da minha terra.


- Um amigo próximo questiona o coronel do cacau e respeitado político: "O senhor perdeu a vergonha? Sempre dando carona a esse fulano que vive falando mal do senhor? Até em ano de eleição?"

O coronel respondeu sereno: " Há mais de ano que ajudo este rapaz. Tem fazenda perto da minha. Para deixá-lo na porta de sua casa, como sempre faço, tenho que passar pela cidade quase toda. Não lhe cobro nada e nunca falei mal dele. Agora, ele que tá sempre de carona comigo e ainda fala mal de mim. Você pensa que o povo vai achar quem sem vergonha?"


O coronel jamais havia lido Maquiavel. Lula talvez também não tenha lido. Ainda assim, ambos compreendem que adversários nem sempre precisam ser mantidos à distância. Quem cogitou ou cogita que Geddel possa apoiar Serra, mesmo que ambos disputem o segundo turno nos respectivos pleitos, deve ponderar o efeito que a ingratidão tem nos eleitores.

sexta-feira, 19 de março de 2010

- 10,4 Milhões nas Favelas

Segundo relatório da ONU, 227 milhões de pessoas deixaram as favelas na última década. O número total de favelados cresceu, entretanto, de 776,7 mi para 827,6 mi. As causas do aumento foram o êxodo rural e o crescimento populacional.

No Brasil, houve nos últimos dez anos uma redução de 16% de habitantes em favelas. A fatia da população nestas áreas caiu de 31,5% para 26,4%. A redução da taxa de natalidade, da migração campo/cidade e a adoção de políticas sociais colaboraram para o desempenho do país. A criação do Ministério das Cidades e a política de subsídios a materiais de construção(*) e terrenos também contribuiram para este progresso. (Fonte: BBC Brasil)

Confesso que não sei qual é a definição de favela para ONU. Cheguei a pensar que o problema da moradia, assim como tudo no Brasil, sempre pioraria. Sou de uma geração que cresceu nos anos 80 e 90. Anos magros em crescimento. Parece que na última década (ou sabe-se lá a partir de quando) encontramos trilhos melhores.

(*) Me lembro como fiquei otimista com os subsídios aos matériais de construção concedidos no início do governo Lula. Fala-se que problemas estruturais não se resolvem com uma canetada. Juntamente com a redução de impostos para produtos de informática, esta me pareceu uma canetada das mais certeiras de um governo.

quinta-feira, 18 de março de 2010

Top 100 - Saltimbancos Trapalhões


Enquanto o mundo for mundo vão existir crianças. E todo filho deveria ouvir Saltimbancos Trapalhões! Eu salvaria a memória do quarteto em música da hecatombe nuclear. Top 100 pra eles.
PS. Na música "Pirueta" os trapalhões cantam com Chico Buarque. Mussum (que um primo avisou é mussuM ao contrário) praticamente não profere uma palavra sem "is" no final.

quarta-feira, 17 de março de 2010

IBOPE - Nuvens que Vejo


Análisar tendência em pesquisas é um exercício temerário. A dinâmica da política é tão grande que Tancredo Neves a comparava à efemeridade das formas em nuvens. Há ainda um histórico de erros, particularmente do Ibope, que a credibilidade das sondagens é questionada. Mesmo assim me arrisco a falar de dados tão precários.
Quem acompanha política de perto sabe que os números finais da pesquisa estimudala (como os acima apontados) não servem para análises profundas, especialmente tão antes do pleito. Animam as torcidas, mas dizem pouco. Segundo o Datafolha, em março de 1994 Lula tinha cerca de 30% contra 12% de FHC e perdeu a eleição. Em março de 2002, Lula tinha apenas 28% (menos do que Dilma hoje) e ganhou a eleição.
É comum dizer que o importante é acompanhar a evolução. As seguidas quedas de Serra e a ascensão constante de Dilma parece certificar vitória desta. A simplicidade dos números também nega a pressa desta observação. Entre março e maio de 1998 FHC dispencou quase 10 pontos enquanto Lula subiu mais de 5. Evidentemente a tendência foi revertida.
Agora quem já acompanhou os bastidores de uma campanha sabe o que os canditatos olham com atenção: rejeição e voto espontâneo.
A Rejeição de Serra e Dilma são quase iguais (25/27%). Com destaque para o fato de que a de Dilma caiu de 41%. É normal que menos conhecidos tenham grande rejeição. O eleitor menos informado pensa que é um nanico destes que sempre aparecem.
Na espontânea que estão os dados mais preocupantes para o PSDB. Lula aparece com 20% e Dilma com 14%. Serra apenas com 10%. Somando os PTistas temos 34%. É um base muito sólida à essa altura. Certamente é daí pra cima a votação de Dilma no primeiro turno. Mesmo ignorando a intenção de voto em Lula, Dilma tem 40% a mais de voto espontâneo que Serra. Isso considerando que 42% sequer sabem que ela é a candidata do Lula.
Aqui volto a campanha de 1998 para fugir da frieza dos números. Como disse, entre março e maio daquele ano Lula crescia e FHC despencava. Ocorre que naquela eleição Lula só conseguiu o apoio do PCdoB e do PDT. Ficou com pouco tempo de Tv e palanques estaduais frágeis. Hoje há uma megacoligação a favor de Dilma e Serra tente a ter apenas DEM e PPS. Inverter a tendencia nestas circunstância será um feito histórico.

Toca Raul


Desde que criei o Blog quis postar algo sobre música. Minha vontade maior não é emitir opinião sobre gêneros ou cantores. A idéia é dizer "ouça isso que realmente vale a pena."

Sempre me refiro a alguns discos como merecedores de entrar na lista de top 100. É um conceito altamente subjetivo que inclui não só o quanto gosto da obra. Meu carimbo de top 100 inclui também a originalidade, importância para o estilo musical, influência em outros artistas e outras coisas. São discos para serem salvos da hecatombe nuclear! À medida que eu vá expondo meus favoritos talvez consiga transmitir melhor meus critérios.

E por onde começar? Pela importância simbólica do primeiro citado, escolhi Raul Seixas. Um brasileiro baiano e roqueiro. Ele conseguiu ter uma obra vigorosa, criativa, profunda e divertida.

De Raul não recomendo um disco (talvez Gita ou um coletânea dupla é que mereça escapar do apocalipse), mas uma música: Novo Aeon. Rock da melhor qualidade, sua letra parece uma profecia e uma ameça aos conservadores. O ritmo é crescente, quase conclamando à mudança. Só ouvindo pra entender. Transcrevo só os primeiros versos:


"O sol da noite agora está nascendo
Alguma coisa está acontecendo
Não dá no rádio
Nem está nas bancas de jornais
Em cada dia ou qualquer lugar
Um larga a fábrica, outro sai do lar
E até as mulheres, ditas escravas,
Já não querem servir mais"


Ouvia muito Raul já aos 10, 11 anos de idade. Aí desgracei a pensar na vida. A molecada querendo ouvir Trem da Alegria ou Guns N' Roses. Eu não, eu queria é ouvir tocar Raul.

Ciro, "O Grande"


É mais fácil criticar alianças espúrias quando se tem poucos aliados. Não sei se é só pela circunstância, mas Ciro vem falando grosso e com muita precisão sobre o quadro político nacional.

- Do Ciro Gomes (PSB-CE) em entrevista a Maria Inês Nassif publicada, hoje, no jornal Valor Econômico:

* Vou fazer uma justiça a Aécio. Quando a CPI dos Correios começou a arquitetar o golpe contra o presidente Lula, o Aécio teve um envolvimento estratégico. No meio da crise, eu, Dilma, Márcio Thomaz Bastos [então ministro da Justiça] e Jaques Wagner [então ministro das Relações Institucionais] nos reuníamos diariamente às 7h para definir uma estratégia que era “Infantaria e Diplomacia” – eu dei o nome.
Nós iríamos fazer o diálogo, a diplomacia. Fizemos uma lista daqueles nomes importantes da República e escalamos quem falaria com cada um. Bastos e [Antonio] Palocci ficaram escalados para conversar com o Fernando Henrique e com o Serra, e eu, com Geraldo Alckmin, Aécio Neves, Fernando Gabeira [PV-RJ], José Carlos Aleluia [DEM-BA] – esta era a estratégia de diplomacia.
E como infantaria, nós estimulamos um movimento para ocupar as ruas. O trabalho da diplomacia era dizer: ‘Daqui para trás: nós estamos vendo um componente golpista nisto, o presidente da República não será alcançado e nós não vamos tolerar isso’. Acabamos fazendo a manifestação na rua, só para mostrar que não estávamos blefando.
O Aécio entendeu. Passou não só a concordar, mas a agir para desarmar a bomba. Muitas vezes ele mandou um avião para me buscar em Brasília às 9h da manhã, mandava o avião para pegar fulano, ciclano e beltrano da CPI e íamos para o hangar lá em Belo Horizonte. Lá brigávamos muito, mas chegávamos a acordos avalizados pelo Aécio.
Ele nos ajudou a salvar o mandato do Lula. Invoco o testemunho de Gustavo Fruet [PSDB-PR] e Eduardo Paes [na época, PSDB-RJ]. O Aécio nos ajudou a desmontar a indústria da infâmia movida a partir do PSDB de São Paulo.
* No segundo mandato [de Lula], o PSDB deu ao Lula a crença de que, para governar, é preciso se alinhar – e com quem? O Brasil é tão medíocre nesta questão que são as mesmas pessoas – não são só os mesmo valores – que trabalham ao largo de qualquer moralidade. O Renan Calheiros [PMDB-AL], que foi ministro da Justiça do FHC, é lugar-tenente do Lula no Senado.
Eduardo Cunha [PMDB-RJ], que já conhecia como ligado ao esquema do PC Farias, é quem está dando as cartas aqui, com a delegação do Michel Temer [PMDB-SP], também ex-aliado do FHC. Eliseu Padilha, ex-ministro do FHC, é o presidente da Comissão de Justiça da Câmara. O Felipe Bornier [PHS-RJ] é presidente da Comissão de Fiscalização Financeira e Controle. É a seleção às avessas: quanto mais decência e qualificação têm as pessoas, mais distante estarão dos cargos importantes no parlamento.
* Não sou contra [alianças políticas amplas], eu vi debilidade do governo Sarney. Eu conheço a tradição federativa, a tradição multipartidária brasileira; eu reconheço que a aliança é necessária. A questão é: para quê? Se a aliança é só para conservar o poder e suas bases são o assalto à máquina pública, não faz sentido.

terça-feira, 16 de março de 2010

Região Cacaueira

OS MAGNÍFICOS

Os Magníficos é um documentário que aborda a realidade da região cacaueira. Tomando como base a história de três personages que herderam uma vida farta, o vídeo faz á melhor abordagem do lavoura do cacau que já vi. Muito bem produzido e editado, é profundo sem ser chato. Muito interessante para todos, independente de terem vínculo com a região. Serve bem aos que tem curiosidade sobre a natureza humana e sua interação com o meio e circunstância. Ainda não localizei uma versão para ser assistida na internet. Segue os contatos da produção do documentário: Bernad Attal (diretor) - 71 32428797; Diana Gurgel (produtora) - 71 32428797 / 71 99613515; Carlos Shintomi (Assistente de direção) - 73 99829223.

Sabedoria Política

Nos últimos meses o noticiário político refletiu as angústias da oposição ao governo Lula em torno da formação de sua chapa para presidência. Serra conseguiu arrefecer o peso das desconfianças sobre sua definição em sair candidato. Contudo, o tucano gostaria de se certificar que contará com um vice de peso antes de bater o martelo de sua candidatura. Aécio foi pressionado e Tasso sondado. A aflição PSDBista me lembrou um fato ocorrido na pequena cidade de minha infância.
Havia um velho coronel do cacau muito respeitado. O homem era bastante rico e um político de prestígio. Certa vez foi procurado por uma mulher que se dizia grávida. O pai seria o filho do coronel que se recusava reconhecer a paternidade. O velho tratou de tranquilizar a jovem. Disse que todos na região sabiam que ele era um homem direito. Que jamais deixaria um neto seu passar dificuldade. Fez apenas uma ressalva. Como poderia ele ser avô de uma criança que ainda não tinha o pai?
O governador paulista exige que seu partido se empenhe em candidatura que sequer assumiu. Não é uma tarefa das mais fáceis.

segunda-feira, 15 de março de 2010

Caminhos da Mídia

A tecnologia afeta a mídia em sua forma e em seu conteúdo. A internet teve impacto recente na imprensa, porém produziu efeitos notórios em linhas editoriais nos mais diversos veículos. Este fenômeno pode necessitar de maior estudo, mas sua verificação empírica é feita com facilidade.
A Tv e o rádio oferecem a seus clientes blocos de informação já editorializados. É obvio que o espectador pode mudar de programa ou desligar o veículo, mas em geral sua atuação na escolha é limitada. Não há interação.
A mídia impressa também oferece conteúdo em bloco, muito embora o leitor seja em geral mais crítico. Isto implica dizer que ao comprar um periódico muitas vezes é levada em contra a linha editorial. É comum haver prévia escolha entre um linha editorial mais conservadora ou liberal.
A internet radicalizou o papel de editor daquele que busca a notícia. O internauta escolhe em um portal os links de seu interesse. Ou acessa somente páginas de seu interesse. Se determinado blogueiro, site ou coluna tem uma linha editorial que não lhe agrada, o internauta deixa de segui-lo. Em certa medida houve inversão no papel de editor entre informador e informado. Ou seja, há por parte de cada um a imposição de tema e abordagem.
A mídia impressa, em um esforço de adaptação, aprofundou a editorialização do conteúdo. è fácil perceber como a Revista Veja é escrita para um público diferente do leitor da Carta Capital. O objetivo é assegurar o nicho de mercado. O resultado é uma radicalização de discursos e métodos que transcende a polarização política da sociedade.
É evidente que a radicalização afeta a qualidade da informação. mesmo em um ambiente tão abastado de consteúdo como a internet, é difícil filtrar informação imparcial, especialmente em temas sensíveis como política e economia.
Ao acompanhar diversos blogs e colunas, é possível ver que os de maior repercussão estão comprometidos demais. A disputa de espaço virou briga pessoal em muitos casos. Não são raras disputas judiciais. Parece que não há espaço para imparcialidade e isenção. Até mesmo por que boa parte dos internautas parece não gostar de neutralidade. Seria preciso escolher um lado do muro. Difícil perceber que a democratização da informação venha servindo neste caso mais aos que se propõem a erguer muros do que a derrubá-los.

Discutindo Rumos

A liberdade é anseio quase indissociavél da própria vida. Requisitada por qualquer ser, pensante ou não.Para as sociedades ocidentais, esta conceito é quase um dogma. Em nome dela, a maior potência mundial promove guerras, ainda que para isso afronte os direitos dos seus cidadãos e de suspeitos estrangeiros, além de atentar contra a autodeterminação dos povos. Existem os que exigem o direito de ser livre até mesmo para abrir mão da própria vida, sem que o Estado intervenha. No país, o conceito é também usado para justificar manifestações de uma imprensa comprometida com os mais diversos interesses.
O Brasil como nação é fruto da opressão. Os índiso nativos foram escravisados. Os negroes em escala ainda maior. Até os brancos nascidos aqui eram parte de um povo colonizado. A liberdade aqui foi uma conquista e uma concessão.
O país deixou de ser colônia para ainda ser comandado pelos herdeiros dos ex-dominadores. O povo deixou de ser escravo para servir aos mesmos senhores. Sua história como república democrática sofreu vários hiatos autoritários. Destas ditaduras não saiu pela ruptura, mas pelo consenso dos grupos que sempre estiveram ligados ao poder. A chegada do povo ao governo, metaforicamente representada na figura de um ex-metalúrgico, foi precedida de uma carta de compromisso com interesses conservadores.
Determinadas ideologias dirão que o Brasil permanece cativo de imperialistas, burgueses ou do capital financeiro. O fato é que existe menos repressão no país, principalmente comparando com seu passado recente de ditadura militar. Há em maior ou em menor grau liberdade de expressão, associação, política, sexual, econômica, etc. Internacionalmente o brasileiro é associado à tolerância ou mesmo à libertinagem.
A liberdade alcançada é resultado de lutas pretéritas e atuais. É preciso refletir em nome de que ela foi conquistada. Construir em cada um e na coletividade o sentido de toda busca. Desejamos ser livres de que? E mais importante, livres para que?