quarta-feira, 7 de julho de 2010

Os Donos da Bahia do Séc. XX - Jorge Amado


Jorge Amado é  um dos responsáveis por colocar a Bahia no mapa do mundo. Quando se fala do baiano, imagina-se um povo alegre, sensual, religioso e tolerante. Estas características foram reveladas por Jorge Amado, ou a imagem da Bahia é uma projeção de sua obra e de outros mestres como Caymmi, Verger e Carybé? Sendo causa ou consequência da obra do famoso escritor, o certo é que o jeito peculiar do baiano se parece muito com boa parte de seus personagens. Isto revela a transcendência do autor que, interpretando sua gente, tornou-se parte de sua cultura.
Um dos grandes méritos deste Obá de Xangô foi a louvação à liberdade que sua obra representa. A praia, as fazendas, os bares, quase todos cenários de seus romances são usualmente identificados esta temática. Muito antes da revolução cultural da década de 60, o romancista já falava do prazer da mulher com o sexo. A vadiagem, a boemia, a liberdade religiosa e sexual, mais que retratadas, foram exaltadas em sua obra. 
Poder-se-ia dizer que Jorge Amado é mais que baiano e brasileiro, sendo um artista mundial. Sua obra foi editada em 52 países, e vertida para 49 idiomas e dialetos, que vão desde o guarani ao vietnamita. Bairrista que sou, prefiro deixá-lo como ilustre conterrâneo. 
Curioso saber que embora Jorge Amado tenha sido registrado no povoado de Ferradas, pertencente a Itabuna, existem dúvidas sobre o exato local de seu nascimento. Alguns biógrafos indicam que isto se deu na Fazenda Auricídia, à época município de Ilhéus. Mais tarde a área da fazenda passou a pertencer ao município de Itajuípe. Tenho para mim que ele pode ser filho do município de Camacan, tendo em vista de que dois de seus três primeiros livros (Cacau e Suor) fazem referência à cidade! Tudo bem que ele falou muito mais de outras cidades. Se me perguntarem, direi que nasceu em Camacan. Afinal, não faz assim tanto tempo que todo camacanense nascia em Itabuna. 

3 comentários:

  1. hehehe
    Essa de Camacan foi boa!
    Sumiu da área rapaz! Cadê você?
    Abraço.
    Daniel

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  2. http://ultimobaile.com/?p=2298

    post meu sobre isso, que eu considero bom e outrens também o consideram.

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  3. Lucas,
    Tomo a liberdade de reproduzir abaixo trechos do seu texto para apresentá-los aos leitores daqui:

    (...)
    "E mais: não houve no século XX cronista urbano comparável no Brasil. E, nos cinco séculos de lusa língua, compara-se apenas a Machado de Assis e Eça de Queiroz: em um está lá transpirante a contradição de viver numa capital imperial e tropical, iluminista e escravocrata; em outro, na mais provinciana das capitais européias; em Jorge, a cidade que, insubordinada e anti-hierárquica (como diz o próprio Jorge Amado no seu Bahia de Todos os Santos, que está longe de ser um “guia de viagem”), inverteu valores e, de capital militar portuguesa, se fez sede não declarada da civilização nagô – Roma Negra, sudanesa vestida de renda."
    (...)
    "Não por coincidência, os filmes da nova safra bahiana tem revisto a cidade do Salvador com olhos que não são exatamente ao modo de Amado, mas herdeiro dele. Por exemplo: Cidade Baixa, aliás se passando na parte da cidade que Jorge Amado mais gostava – e que na época era a mais pobre e isolada. Quando não ocorre, nesta nova safra, de advirem filmes diretamente feitos a partir da obra dele – e sem parecerem novelas da Globo pra paulista ver: Capitães da Areia e Quincas Berro D’Água."

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