Qual cenário político emergirá das próximas eleições? Segundo o livro Fundação de Isaac Asimov, famoso escritor de ficção científica que inspirou o filme Eu Robô, analisando as premissas necessárias é possível prever o futuro. Faço agora o pretensioso exercício de expor minhas previsões.
Parto de algumas premissas. 1- Segundo as recentes pesquisas, Lula tem alcançado mais de 83% de aprovação popular. Sua aprovação é altíssima em todas as classes de renda. Ou seja, ele é quase uma unanimidade. 2- Partidos e candidatos conservadores perderam gradativamente espaço. Maluf por pouco não foi presidente em 86 e hoje é coadjuvante nacionalmente. ACM já tinha amargado graves derrotas quando veio a falecer. Aliás, O DEM que só tinha o comando de Brasília ficou ainda menor após a prisão de Arruda. Sarney (com sua filha) perdeu nas urnas o comando do Maranhão (recuperou apenas na justiça) e ano passado sofreu um massacre de denúncias que reduziu seu peso político. 3 - A escolha de Serra para candidato do PSDB levou ao estreitamento de sua aliança a praticamente PPS e DEM. Serra também é uma figura muito ligada a FHC, um dos políticos mais rejeitados pelo eleitor.
Traçadas as premissas, enumero consequências imediatas. a) A eleição para presidente pode se tornar no imaginário brasileiro um embate entre bons e maus. Os bons são capitaneados por Lula. Quanto mais anti-Lula, mais inimigo do Brasil. b) Serra e seus aliados levarão a pecha do que deve ser expurgado na política. Por que? "Porque Serra manda bater em manifestantes". "Porque persegue jornalistas". "Porque é amigo da Globo". "Amigo do Arruda, do FHC". Esqueçam dizer que Lula também tem aliados ruins, que tem defeitos. Aos olhos do brasileiro, Lula fez o possível. Para Lula tudo é justificável. Se baterem no Lula será pior. c) Apoiar Serra vai ser um peso. No norte e nordeste será como uma traição. Provavelmente apenas em São Paulo isso não ocorra. Talvez em Minas, Rio de Janeiro e no Sul o fenômeno seja atenuado. Na minha Bahia, será ruim para Paulo Souto. Será ruim para os aliados de Paulo Souto.
Trato então do quadro político que vislumbro para 2011. Os apoiadores de Serra sairão abatidos, desorientados. "Não ganhamos do Lula, nem da Dilma, tampouco teremos forças para enfrentar Lula em 2014." Os demais candidatos sairão mais animados. Se Dilma ganhar, foi Serra quem perdeu. Marina e eventualmente Ciro terão ganhado mais visibilidade nacional. Também poderão passar pela campanha sem chamar para si a antipatia dos lulistas. Navegará Dilma então por mares tranquilos em seus 4 anos de governo? Grandes alianças cobram grandes preços. Haverá sob sua asa muita insatisfação. Ela não terá a blindagem de Lula e brigar com Dilma não será o mesmo pecado político. A oposição dispersa procurará um pólo de aglutinação para 2014. Este pólo pode ser de ex-petistas como Heloísa Helena, Cristóvão Buarque e Marina. Pode sair do seio da aliança governista. Pode ainda surgir da aliança de nomes conhecidos como Ciro e Aécio. Dificilmente voltará para o PSDB paulista. Serra, se derrotado, terá perdido sua última cartada, até mesmo por sua idade. Os principais nomes ao seu redor estarão marcados pelo apoio à chapa tachada da má por boa parte do eleitorado. Alkimin, ainda que seja governador, terá dificuldades com seus adversários dentro e fora de seu partido.
Assim eu vejo o pós-Lulismo. Minhas previsões são tão exatas quanto as que emergem da mesa de tarô, de um grande mapa astral ou da borra de café no fundo da xícara. Asimov mesmo lembrou que para prever o futuro seria preciso estar cercado de todas premissas envolvidas (quase infinitas), além da capacidade de processá-las em velocidade maior que a ocorrências das mesmas. Um dia quem sabe eu chego lá...
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