quarta-feira, 17 de março de 2010

IBOPE - Nuvens que Vejo


Análisar tendência em pesquisas é um exercício temerário. A dinâmica da política é tão grande que Tancredo Neves a comparava à efemeridade das formas em nuvens. Há ainda um histórico de erros, particularmente do Ibope, que a credibilidade das sondagens é questionada. Mesmo assim me arrisco a falar de dados tão precários.
Quem acompanha política de perto sabe que os números finais da pesquisa estimudala (como os acima apontados) não servem para análises profundas, especialmente tão antes do pleito. Animam as torcidas, mas dizem pouco. Segundo o Datafolha, em março de 1994 Lula tinha cerca de 30% contra 12% de FHC e perdeu a eleição. Em março de 2002, Lula tinha apenas 28% (menos do que Dilma hoje) e ganhou a eleição.
É comum dizer que o importante é acompanhar a evolução. As seguidas quedas de Serra e a ascensão constante de Dilma parece certificar vitória desta. A simplicidade dos números também nega a pressa desta observação. Entre março e maio de 1998 FHC dispencou quase 10 pontos enquanto Lula subiu mais de 5. Evidentemente a tendência foi revertida.
Agora quem já acompanhou os bastidores de uma campanha sabe o que os canditatos olham com atenção: rejeição e voto espontâneo.
A Rejeição de Serra e Dilma são quase iguais (25/27%). Com destaque para o fato de que a de Dilma caiu de 41%. É normal que menos conhecidos tenham grande rejeição. O eleitor menos informado pensa que é um nanico destes que sempre aparecem.
Na espontânea que estão os dados mais preocupantes para o PSDB. Lula aparece com 20% e Dilma com 14%. Serra apenas com 10%. Somando os PTistas temos 34%. É um base muito sólida à essa altura. Certamente é daí pra cima a votação de Dilma no primeiro turno. Mesmo ignorando a intenção de voto em Lula, Dilma tem 40% a mais de voto espontâneo que Serra. Isso considerando que 42% sequer sabem que ela é a candidata do Lula.
Aqui volto a campanha de 1998 para fugir da frieza dos números. Como disse, entre março e maio daquele ano Lula crescia e FHC despencava. Ocorre que naquela eleição Lula só conseguiu o apoio do PCdoB e do PDT. Ficou com pouco tempo de Tv e palanques estaduais frágeis. Hoje há uma megacoligação a favor de Dilma e Serra tente a ter apenas DEM e PPS. Inverter a tendencia nestas circunstância será um feito histórico.

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